Jornalismo Ambiental


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São Paulo, um Estado contaminado?

Wilson da Costa Bueno*

    Não dá mais para tapar o sol com a peneira: o Estado de São Paulo está progressivamente se transformando num inferno ambiental, sem que as autoridades, a sociedade civil, e todos nós que vivemos e/ou trabalhemos em solo paulista façamos alguma coisa.

Dados da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) revelam que o Estado apresentava, em 2007, 2.272 localidades contaminadas, em especial os postos de gasolina que representam 77% deste total, um número significativamente maior (25%) do que o apresentado em 2006. Estamos caminhando progressivamente para o caos.

Na verdade, estas estatísticas estão subestimadas porque, como a fiscalização é deficiente, para não dizer precária, ninguém sabe ao certo até onde vai a extensão do problema, mas dá para imaginar que o cenário é dramático, em particular nas periferias da capital e das principais cidades do interior, com a ocupação desordenada do solo, ausência de condições básicas de saneamento, depósitos irregulares de lixo etc.

Acrescem-se a esses dados outras questões não menos problemáticas, como o aumento da poluição do ar, derivado dos recordes sucessivos de vendas de carros, a maioria dos quais circulando pelas cidades paulistanas; o barulho ensurdecedor (temos mais de um milhão de motos correndo só na capital, com seu ruído típico); o incremento de resíduos domésticos e industriais; a circulação crescente de caminhões transportando produtos tóxicos (verdadeiras bombas ambulantes desfilando por nossos corredores de tráfego) etc.

O progresso certamente está cobrando o seu preço e ele penaliza sobretudo a saúde do povo paulista, notadamente a dos menos favorecidos.

Soluções a vista? Quase nenhuma porque os nossos governantes, ao longo do tempo, descuidaram-se da questão e ela hoje se apresenta maior do que a nossa capacidade resolvê-la, pelos em um período razoável.

Em geral, segundo a Cetesb, as principais substâncias encontradas nas áreas contaminadas constituem-se de derivados do petróleo (solventes, combustíveis etc) e com elevada probabilidade de contaminação de lençõis freáticos, visto que normalmente elas encharcam e penetram no solo.

A descontaminação do solo é um processo caro e, em função disso, a tendência é que a situação se agrave: antes que algumas áreas sejam remediadas outras tanto terão surgindo, engordando as estatísticas dramáticas em anos futuros.

A qualidade de vida dos paulistas exige uma tomada de consciência e ações concretas, com urgência.

Como ninguém mais pode alegar desconhecimento do problema, agora é arregaçar as mangas e começar a trabalhar. Como estamos em ano eleitoral, quem sabe os futuros prefeitos não incluem esta tarefa como prioritária nas plataformas dos novos governos. Discurso verde todo mundo faz, virou moda, mas está na hora de agir com rapidez e competência. Mas vale a pergunta: esta tem sido a postura dos políticos brasileiros?     

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*Wilson da Costa Bueno é jornalista, professor do programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UMESP e de Jornalismo da ECA/USP, diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa.

 
 
 
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